Alimentação da Criança
Meu Filho Não Come, e Agora?
A cada 10 crianças recebidas no consultório 9 eu ouço a mesma e sonora frase “Meu Filho Não Come”. Porém cabe a nós identificar qual a gravidade dessa atitude das crianças, se é passageira o que classificamos como normal do 1 aos 3 anos de idade, se é por alguma gripe, resfriado, nascimento de dente, ou quando é uma criança seletiva em que só optam por aqueles alimentos que elas mais gostam. Porém um deslize muito pequeno e errôneo dos pais ou cuidadores é oferecer outro tipo de alimento em troca da principal refeição o que deixam as coisas fora do controle e isso vai seguindo até chegar um momento em que as crianças já se acostumaram a deixar os bons alimentos de lado e dá preferência por aqueles nada nutritivos ou que não oferece a quantidade adequada de energia, e nutrientes necessários.
Alguns Fatores que influenciam na alimentação.
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Alteração nutricional - A falta de apetite muitas vezes pode estar relacionada a alguma alteração nutricional como deficiência de zinco por estar diretamente relacionado ao componente da gustina uma proteína envolvida com as papilas gustativas. Ocorrendo essa alteração os alimentos perdem o sabor e isso faz com que a criança não tenha prazer em se alimentar.
Anemia por deficiência de B12 (anemia perniciosa), anemia por deficiência de ferro, (ferropriva) também pode levar a perda de apetite. Visto a importância dos exames de rotina estarem em dia para descartar esse tipo de deficiência.
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Nascimento dos dentes – muitas vezes com gripe e febre associada, a criança fica enjoadinha, as gengivas estão inchadas e doem, porém não se pode deixar de oferecer os alimentos nessa fase. Nesse caso a recusa será com todos os alimentos e não somente com uns em específico.
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Desacelerar do crescimento (1 a 3 anos), são comuns o interesse pelos alimentos diminuírem assim como salto de desenvolvimento que deixa a criança em fase mais agitada, dando preferência a brincar que a comer.
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Crianças seletivas - escolhem seus próprios alimentos e excluem os que não gostam ou querem.
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Intestino preso – crianças constipadas tendem a não aceitar bem os alimentos por acumulo de fezes no intestino o que provoca excesso de gases e desconforto.
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Muita ingestão de doces – crianças que consomem muitos doces e alimentos ricos em gorduras, tendem a não terem preferencias pelas demais refeições, visto que já supriu suas necessidades energéticas consumindo somente esses alimentos;
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Negligência – pode acontecer do cuidador da criança não dá muita importância para alimentação da criança e deixa livre sem muita adequação e qualidade alimentar.
Erros mais comuns dos cuidadores
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Fazer chantagem com tipo “se não comer tudo, não vai comer chocolate” ou “ganhar aquela surpresa”, isso faz com que as crianças se afastem ainda mais dos alimentos e dê preferência aos que elas mais apreciam.
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Compensar a refeição oferecendo mamadeiras e lanches ricos em açúcares e gorduras, espertas como são, sempre irá recusar as refeições para poder ter as refeições substituídas por esses alimentos.
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Suplementar com polivitaminicos e estimulantes de apetites, um erro comum para garantir que as crianças tenham um outro tipo de aporte de nutrientes, mas ao contrário do que se pensam os estimulantes e polivitaminicos podem trazer algum efeito colateral perigoso nas crianças quando não há necessidade de suplementar.
Antes de suplementar algo, consulte o pediatra e nutricionista depois de uma avaliação física e bioquímica com diagnóstico de carência de determinado nutriente. A suplementação só é indicada em caso de – onde a criança por determinada doença ou situação não se alimenta, – onde há erro inato em que o metabolismo não consegue metabolizar determinados nutrientes, situações em que a pelos cuidadores, consumo por exemplo, no caso, seria necessária suplementação de cálcio, ou seja a suplementação deve ser bem avaliada para que não haja equívocos.
Algumas Orientações
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Estabeleça horários para as refeições;
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Não permita que se alimentem fora do horário estabelecido;
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Não substitua a refeição por outro tipo de alimento, tipo mamadeiras, iogurtes, biscoitos.
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Não fazer chantagens com as refeições ou premiações;
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Caso a criança não esteja com vontade de comer naquele horário, guarde o prato e ofereça em outra hora.
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Faça as refeições junto com as crianças a mesa, dê o exemplo comendo os mesmos tipos de alimentos;
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Deixe os alimentos de forma fácil, para que a criança possa ver e pegar, uma fruta já cortada na geladeira ou em forma de saladas.
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Na hora do almoço, deixem elas a vontade, pegar com as próprias mãos se sujarem;
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Inove sempre o cardápio, monotonia também cansam as crianças, sempre o mesmo arroz com feijão não dá.
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Invente pratos atrativos e divertidos, como carinhas, animais, etc, abuse da imaginação isso estimula o apetite das crianças;
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E por fim que este momento seja agradável, sem brigas, sem cobranças, sem traumas.
O que vimos em muitas crianças, posso dizer até que seja a maioria, deixam de se alimentar para chamar a atenção dos pais em algum momento. As crianças são muito espertas e conseguem em muitos pais driblar essa situação. Elas observam que a tática funciona e a troca da principal refeição por algo que elas gostam acontece e isso acaba virando um ciclo vicioso e dia após dia elas irão fazer isso para receber os alimentos que tanto querem e excluem o que são realmente necessários. Aí chega a mãe desesperada que o filho não come nada, o que não é verdade, eles só não comem as principais refeições, porém se for trocado a criança come.
A criança que não come nada, ela não brinca, não corre, não tem disposição para as atividades de uma criança normal, o peso e altura estão bem abaixo do que seriam para sua idade.
Portanto colocar limites nas crianças é algo essencial, dizer não, faz parte e isso é o que acontece com muitos pais, deixam as crianças comandarem o espaço e realmente fica difícil ter controle alimentar dessa criança. Disciplinas e limites são cruciais para que esse ciclo vicioso seja literalmente quebrado.